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Flávio Nunes

ECO Tecnologia

por Flávio Nunes, Editor

Dar cabo a Portugal


Há muito que nos habituámos a comunicar sem barreiras. Uma hora não chega para viajar de Portugal ao Brasil, mas um pacote de dados parte de Sines e chega a Fortaleza em menos de um segundo. Muita gente acredita que dependemos de satélites. Já não é assim. Mais de 95% do tráfego intercontinental de dados não vai ao espaço. Mergulha no fundo do mar.

Ouvir falar deles pela primeira vez parece ficção científica. Longe disso. Os cabos submarinos, que ligam continentes e atravessam oceanos, são hoje das infraestruturas mais críticas. É através deles que circulam dez biliões (trillions) de dólares em transações financeiras… por dia. Já tenho a sua atenção?

Os cabos submarinos são um daqueles temas difíceis, aborrecidos. O que pode ter de especial um cabo de fibra ótica do diâmetro de uma laranja? Só que, estou seguro, vai passar a ouvir falar mais sobre eles.

Primeiro, porque Portugal está a posicionar-se para ser um pólo europeu de cabos submarinos, ao que não é alheio o facto de ter uma posição privilegiada para amarrar estes cabos e uma vasta zona económica exclusiva por onde estes passam. Segundo, porque são infraestruturas vulneráveis e expostas a todo o tipo de agentes maliciosos.

Terceiro, porque Portugal está, por esta altura, a trabalhar para substituir os cabos submarinos que ligam o continente às regiões autónomas e estas entre si. Os especialistas chamam-lhe circuito CAM, as iniciais de Continente-Açores-Madeira. Os cabos atuais começam a ficar obsoletos já a partir do próximo ano (especialistas garantem-me que o prazo de validade de 25 anos é só uma referência).

Quarto, porque estes cabos podem transmitir mais do que informação. Num ano em que o Governo se prepara para lançar os leilões para geração eólica offshore flutuante, como é que a eletricidade vai chegar à costa? Pois bem, através de cabos submarinos.

A embaixada britânica anteviu a oportunidade de pôr o tema na agenda e promoveu uma conferência fechada sobre o assunto no dia 10 de março, que contou com a participação de importantes stakeholders da indústria e, também, do secretário de Estado da Digitalização. Mário Campolargo comprometeu-se a facilitar o licenciamento de cabos submarinos em Portugal. Promessa que tinha sido feita por outro membro do Governo no passado.

A principal ameaça aos cabos submarinos – oficialmente, pelo menos – é a pesca e ancoragem de navios. Há dezenas de incidentes por ano em que cabos submarinos são danificados por estas atividades, dizem as empresas do setor. Para tal, a localização aproximada destes cabos é pública. E isso torna-os ainda mais vulneráveis a outros tipos de atividade menos nobre, como a espionagem e a sabotagem. O setor garante que não acontece. Longe dos microfones, a posição dos entendidos é a oposta.

De volta ao circuito CAM, a IP Telecom, operadora detida pelo Estado, foi incumbida de tratar da substituição dos cabos que ligam o continente às ilhas. O concurso público está a chegar ao fim e Portugal não vai apostar num tipo de cabo qualquer. Governo e Anacom têm promovido a intenção de instalar cabos inteligentes, uma tecnologia chamada SMART.

O objetivo é que os cabos, além de serem autoestradas de informação, tenham sensores para detetar terramotos, alertar para tsunamis e monitorizar a vida marinha (afinal, atravessam três placas tectónicas). É uma ideia boa. Cara. E demorada.

Por esclarecer ficou se a oportunidade será aproveitada para resolver um dos problemas mais evidentes. Enquanto a Madeira tem sete cabos adjacentes, os Açores só estão ligados a dois. Pior ainda, estão ambos amarrados ao mesmo sítio, refere uma auditoria de segurança aos cabos submarinos na Europa, elaborada para o Parlamento Europeu. Como é que não estamos a falar mais disto?

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