Dono da FTX também cavalgou unicórnio português
O império FTX colapsou e Sam Bankman-Fried passou de “bestial a besta” em poucos dias, como é comum neste tipo de casos. Não há muito tempo, ouvia falar dele como um jovem promissor e influente, um génio que fez uma fortuna no universo das criptomoedas. Agora, há qualquer coisa de tóxico nas iniciais SBF, pelas quais também era conhecido.
Fora das muralhas da FTX, ninguém podia prever ao certo que a corretora cripto iria falir. Mas a verdade é que os alertas do Banco de Portugal e da CMVM para os riscos deste mercado costumam cair em saco roto. Ainda mais quando alguns dos principais entusiastas nem sequer admitem qualquer crítica – só eles sabem como isto funciona e todos os outros são um monte de ignorantes.
Felizmente, ainda há quem aceite debater o tema de forma séria e adulta (geralmente, quem realmente sabe do que está a falar). Esta semana, pude entrevistar Diogo Mónica, o presidente do sétimo “unicórnio” português, a Anchorage Digital, que é um banco de criptomoedas.
O empreendedor, que está nos EUA, admitiu a "surpresa" com os acontecimentos dos últimos dias. Sem receios, acusou SBF de ser um “criminoso” e de ter levado a FTX à ruína com atitudes fraudulentas como, alegadamente, emprestar o dinheiro dos clientes a um fundo de que também era dono, a Alameda.
Só que o mais surpreendente nem é a ousadia de lançar uma acusação destas em plena praça pública. É que, como noticiou o ECO, a Anchorage tem a Alameda como acionista. O fundo de SBF investiu na ronda que, precisamente, deu à Anchorage o estatuto de “unicórnio” em 2021.
Na entrevista, confrontei Diogo Mónica com estes factos e o fundador da Anchorage não os desmentiu nem fugiu às perguntas. Segundo o próprio, a Alameda contribuiu com 20 milhões de dólares para a ronda liderada pela KKR e não tem qualquer influência nos destinos da Anchorage, assegurou. Mostrou ainda interesse em adquirir as ações próprias à massa falida.
É uma conversa que vale a pena ler nesta altura, em que os detalhes sobre a queda da FTX ainda vão sendo conhecidos ao ritmo de um conta-gotas. Em português (com paywall) ou inglês (acesso livre).

HUGO AMARAL/ECO
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